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A música do Queen


A música do Queen, rica, plural e, acima de tudo, polifônica deve muito à genialidade de seu guitarrista, Brian May. É claro que, em muitos aspectos, os arranjos vocais da banda são utilizados com maestria para estabelecer harmonias e/ou contrapontos, mas a guitarra de May - única em todo o universo do rock n'roll - é um dos pontos altos da banda. Intitulado de Red Special, o instrumento foi construído na adolescência de Brian May, este gênio superdotado que desejava fazer astronomia. É bem verdade que ele chegou a se formar em ciências físicas e matemáticas no Imperial College, em Londres. Mas acabou, felizmente, optando por investir na carreira de músico. Voltando à Red Special, May construiu com o seu pai (técnico em eletrônica) uma das mais lendárias e ilustres guitarras da história do rock. Para a confecção, utilizou peças de diferentes origens como, por exemplo, de motos velhas. Em 18 meses desenvolveu a incrível Red Special, com o escopo de ter um instrumento de acústica perfeita e com a escala de 24 trastes, inovadora para a época. Talvez a mente imaginativa, fértil, dedicada e extremamente competente tenha vindo de sua paixão por ciência tão nobre e complexa como a astronomia. Vale lembrar que, em 2007, tornou-se Ph.D. ao terminar sua pesquisa A Survey of Radial Velocities in the Zodiacal Dust Cloud (Uma Pesquisa por Velocidades Radiais na Nuvem Zodiacal de Poeira). O grande diferencial de Brian May é a sua facilidade de construir solos em forma de harmonia. Seus elaborados assemelham-se aos utilizados na música clássica. De fato, muitas de suas linhas melódicas, bem como os seus fraseados são construídos com a linguagem da instrumentação erudita. Brian May sabe percorrer todas as veredas que se apresentam a ele. Desde o blues clássico, até o rock pesado, passando pela balada. Em Tie your mother down, May executa o rock mais sujo e maravilhoso que se tem notícia. Não há mistério. É praticamente uma distorção, apenas. Algo do tipo "Liga no amplificador, aperta o overdrive e manda ver". Na mais monumental música do Queen, Bohemian rapshoady, May oscila entre o peso marcante e a deliciosa melodia do solo, indo do apaziguamento ao frenesi em uma mesma assinatura de tempo. O solo é delicado, lindo e poderoso. Imponente e singelo. O que dizer de The millionaire waltz, do álbum A Day at the Races? Nesta canção, May literalmente cria uma orquestra de guitarras. Ele busca consonâncias e dissonâncias amplamente encontradas nas célebres gravações de Beethoven, Wagner ou Dvórak. Ou então, de Good company, uma das minhas favoritas do Queen? Nela, o autor, o próprio guitarrista, desenha todas as vozes de uma banda de sopros. O solo final conta com todos os instrumentos de uma banda de jazz - um sonho antigo de May que se tornou uma magnífica realidade no álbum mais célebre da banda, A Night at the Opera. Trombone, trompete e até sinos são simulados pela sonoridade da guitarra que, sutilmente, altera os timbres de forma com que cada som torne-se único e característico do instrumento que representa. Outro exemplo bom desse estilo "oldies" de música é Dreamers ball (Jazz), cuja guitarra repete a marca registrada de Brian May. Apesar de sempre estar acompanhado de sua Red Special, durante as execuções de Crazy little thing called love nas turnês, May carregava uma Fender apenas para fazer o solo, devido à sonoridade "blues" da marca. Outra característica do som de Brian May é o amplificador Vox AC-30, cujo som o guitarrista nunca abandonou. O pedal delay também foi inovado por May. A ideia do guitarrista era a de colocar dois deste tipo de pedal juntos. O efeito resultado da experimentação foi, novamente, uma peculiaridade da sonoridade de May. Durante suas apresentações, tornaram-se notórios os momentos solos em que o guitarrista dirigia-se a plateia simulando um duelo de guitarras utilizando a superposição de delays. May sempre contribuiu para o sucesso do Queen. Ele foi o autor de clássicos como We will rock you, The show must go on, Who wants to live forever e I want it all. Engraçado é que muitas vezes ele é esquecido. As pessoas tendem a lembrar nomes de outros grandes guitarristas, mas esquecem de citar Brian May. Além de sua exímia técnica, ele utiliza a cabeça, quase que num movimento obsessivo pela boa relação intervalar de seus vários canais de guitarra, a criatividade, indispensável para a arte de uma maneira geral, talvez até mais importante do que a técnica propriamente dita, e o coração, pois sem alma não existe música, e sim algo semelhante ao que um computador interpreta e chama de "midi", para escrever suas músicas. Por essas e outras, não dá para esquecer o nome de Brian May.

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