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Olho nele: Enio Vieira


Guitarrista de pegada, blueseiro sem medo de adicionar peso, Enio Vieira é mais um destaque da cena carioca. Ao lado da banda Winchester 22, tem feito "barulho" de qualidade no Saloon79. Um papo muito interessante, com um cara conhecedor de música!



Ugo Medeiros - O rock sempre foi o seu norte musical? Como começou essa relação? O que você escutava naquela época?


Enio Vieira - Sim, sempre foi, essa relação se deu muito pelos meus pais, porque eles sempre ouviram muito Rock e Country. Também, porque desde pequeno eu sempre fui fascinado por música e pela guitarra. Me lembro que o primeiro disco (vinil na época) que eu pedi foi Creatures of The Night do KISS. Eu tinha assistido ao clipe de I love It loud em um programa que passava na extinta TV Manchete, apresentado pelo João Kleber e um outro cara, e fiquei extasiado com aquilo tudo. As maquiagens, mas principalmente a música. Lembro, como se fosse hoje, a sensação de ouvir aquilo, foi indescritível! (risos). Na época, ouvia muito do que meus pais ouviam: Eric Clapton, Willie Nelson, Fleetwood Mac, Johnny Cash, Warren Zevon e Kiss naturalmente (risos).


UM - Você também tem claras influências de blues. Me arrisco a dizer que Stevie Ray Vaughan seja uma das mais fortes, né?


EV - Na verdade, a coisa do blues começou com o Eric Clapton. Comprei um disco dele chamado Journey Man, de 1988 se não me engano. Nele, havia uma faixa chamada Hard times, que é um blues daqueles bem lentos mesmo, e aquilo criou raiz em mim lentamente. Entretanto, antes do blues se instalar mesmo, veio o Guns'n'Roses, o Slash era meu guitar hero. Ele tem muito de blues no fraseado e eu acabei pegando isso. Muitos anos depois, por ironia, comprei aquele mesmo disco do Clapton em CD e um cara com quem eu tocava na época (eu era batera de uma banda de classic rock) me pediu emprestado. Ele me deixou o Texas Flood do Vaughan, nem preciso dizer que nunca mais destrocamos os CDs né? E, aliás, eu voltei a tocar guitarra logo em seguida (risos). Fui completamente tomado por aquele som, desde então se tornou a mais forte, se bem que ultimamente tenho procurado outras direções dentro do próprio Blues/Rock. Tenho escutado incessantemente o último disco do ZZ Top, La Futura, é sensacional! O timbre, tanto de guitarra como de vocal, do Billy Gibbons é absurdo!


UM - Você poderia falar um pouco sobre a banda que te acompanha?


EV - São caras com quem eu estive em contato desde sempre. o Nobru (Bruno Lima, baixista) eu conheço desde que ele era pequeno, ele é amigo de infância do meu irmão (o rapper Shawlin, sete anos mais novo que eu). Daí quando ele começou a tocar, nós nos aproximamos mais, ele tocou no Tatu Bala e no AC/DCover. Pedro Tererê (Pedro Schoeter, bateria) eu conheço de vista há anos, eu inclusive fiz aula de bateria com o pai dele (Gustavo Schroeter do A Cor do Som) na escola de música Antonio Adolfo. Sempre nos esbarrávamos pelos points de rock aqui no Rio, além de conhecer muita gente em comum. Ele tocou em várias bandas da cena alternativa como Cabeça, Funk Fuckers, Jason e Vulgue Tostói. Antes dele vir tocar comigo, nós tocamos juntos na banda de um amigo meu chamada Som Sebastião, onde eu fazia uma participação em alguns shows e ele era batera.


UM - Qual o seu set de instrumentos e aparelhagens para shows?


EV - Eu sempre fui o tipo de guitarrista 'plug and play', mas, com o tempo, eu vi que ia precisar de um set de pedais mesmo que fosse mínimo. Então eu montei um bem "basicão" que consiste em: um TU-3 da Boss (afinador), um Tube Sreamer TS-9 (Ibanez), um Microamp (MXR) booster e um Cry-Baby (Dunlop). Guitarras eu não tenho muitas, a minha principal é uma Stratocaster Shelter (traditional series) que eu troquei a captação original por um set TEX MEX da Fender. Essa série da Shelter tem uma história curiosa, porque ela é uma réplica de uma Fender '62, tanto que a fender processou a Shelter: ou eles pagavam uma quantia a Fender ou mudavam as stratos que eles fabricavam. Eles preferiram mudar, então hoje em dia é bem difícil achar essas guitarras. Minha guitarra reserva foi um presente de um amigo, é um "frankenstein" na verdade, uma Strato Squier que tinha um braço com escala em maple (que tem um timbre mais agudo) daí eu troquei por um braço Fender com escala em rosewood (eu prefiro), ela tem captação lipstick da Seymour Duncan, que dá a ela uma pegada mais leve. Recentemente eu comprei uma outra Shelter, uma Les Paul Nashville, troquei a captação por dois Gibson Pearly Gates (ponte e braço). Deixei ela no Luthier essa semana, se tudo correr bem, ela vai assumir o posto de guitarra titular (risos). Estou buscando um som mais cheio e potente e com uma timbragem não tão similar a do Stevie Ray Vaughan, não que eu vá 'abandonar' o velho Stevie (risos), mas quero incorporar mais elementos ao meu som em termos de características.


UM - Você tem se destacado ne cena blues rock carioca, principalmente no Saloon79, e tem tocado com a "velha guarda". Como tem sido a experiência e a recepção de gente como Big Gilson?


EV - Tem sido muito bom. Na verdade, eu trabalhei no SALOON 79 como barman durante dois anos e lá acontecia um evento chamado "Big Gilson Convida" produzido pelo José Milton. Consegui encaixar minha banda e tanto o Gilson quanto o José Milton piraram no som, ficaram amarradões e eu fiquei nas nuvens! (risos). Um cara do calibre do Big Gilson elogiando meu trabalho, eu fiquei feliz pra caramba! Depois disso, outras bandas que iam lá tocar começaram a me chamar pra dar canja nos shows, Big Phat Mamma, Laranjeletric, Tarantinos, Stanleys, Paul Serran, Mauk e os Cadillacs Malditos. Abriu portas com certeza. Uma dessas canjas aconteceu de forma bem inusitada, uma noite, o Big Gilson estava fazendo o tributo a Eric Clapton lá no Saloon e eu, como sempre, atrás do balcão trabalhando. Lá pelas tantas, ele começou a tocar Old love e em um determinado momento desceu do palco (ele usa sistema sem fio). Estava eu lá na minha, trabalhando, quando de repente eu ouço ele me chamando, quando eu viro ele está me passando a guitarra por cima do balcão! Eu só tenho tempo de ouvir ele me dizendo o tom (que eu tá já sabia, porque faz parte daquele CD do Clapton que falei antes). Eu até hoje não faço idéia do que eu fiz ali (risos), eu sei que quando eu acabei de solar o bar inteiro aplaudia, pessoas urravam, assobiavam, foi muito foda!


UM - Há planos para gravar um disco? Autoral ou cover? Aliás, quais covers que nunca faltam nos shows?


EV - Sim, com certeza! Até o final do ano vamos gravar um EP com umas seis músicas autorais, a pré-produção começa em Julho. São básicamente as músicas que eu toco nos meus shows e algumas mais novas, ainda vamos fazer a seleção para que o EP sintetize bem o trabalho. Até agora vamos lançar de forma independente, mas, é claro, se algum selo se interessar estamos abertos a negociações! (risos). Covers que nunca saem do repertório, são Voodoo child (Hendrix tem que ter sempre) e Strange face of love (Tito & Tarantula). Essa segunda, Sonja Paskin (cantora profissional) canta nos shows fazendo participação especial. No último show tivemos o Ricardo Abrahin (Tarantinos/FM 80) cantando ela, de maneira geral sempre temos convidados, até o Tony Rocker (dono do Saloon 79) de vez em quando canta com a gente.


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