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Renato Zanata: futebol, blues e rock'n'roll


Renato Zanata é bluesman, amante de Peter Frampton e Iron Maiden e especialista em futebol argentino. Aproveitando o clima de Copa do Mundo, um bate-papo bem legal com esse niteroiense que venera o amor dos argentinos pelo rock'n'roll. Ugo Medeiros - Como começou sua relação com a música? Já começou no blues? Renato Zanata - Comecei em bandas no início dos anos 1980, inspirado por fitas K7 do Elvis, bandas como Iron Maiden, Rolling Stones, Eagles, Kiss e mestres da guitarra como Eddie Van Halen, Keith Richards e Robertinho do Recife. Mas nada disse teria rolado se não fosse o disco Comes Alive I do Peter Frampton. Ele foi o cara que me deixou literalmente ligado, plugado em guitarra, solos, shows, estrada. O disco Rise Up e o show que assisti no Maracanãzinho em 1980, vendo de perto aquele arsenal de guitarras que ele usou durante a apresentação e solos longos e de muito bom gosto, foram cruciais nessa história.

Paralelamente ao som da minha primeira banda, Sexta 13, power trio de hard rock formado com os primos Otávio (baixo e voz) e Fábio Dellivenneri (bateria), surgiu aqui em Niterói , a saudosa rádio Fluminense FM, a "Maldita", capitaneada pelo mestre Luiz Antônio Mello. Através dela, o blues começou a me fisgar, via trabalho autoral do mago da Fender Stratocaster, o maestro Celso Blues Boy. Aí, vieram clipes do Clapton e do B.B.King na TV e a intenção de fazer um trabalho diretamente ligado ao blues foi amadurecendo. Comecei a tocar Blues no início da década de 90, quando participei das bandas, Rio Blues e Limousine 69 (depois passou a se chamar Holandês Voador) e nelas, já valorizava o trabalho autoral cantado em português, sem deixar de lado alguns covers do gênero. Nestas bandas aprendi muito com o amigo Charles Nobilli, doutor em Blues Rock cantado em português.

Em 1992, com o fim da banda Limousine 69, a frustração de ver um trabalho promissor de blues ser interrompido no meio do caminho, me afastou dos shows por cerca de 10 anos, apesar de continuar a ouví-lo e a tocá-lo em casa, e também registrar composições num esquema caseiro de gravação. Passei então, a tocar na noite, dando canjas em shows de MPB, com músicos amigos meus.

Em 2002, tirei da gaveta algumas fitas K7 com composições autorais de blues e gravei uma demo no estúdio de um ex-professor de guitarra, o mestre Íris Nascimento. Em seguida, consegui que meu som fosse tocado na rádio Viva Rio (ONG) e acabei conquistando um espaço nessa mesma rádio para produzir e apresentar um programa que se chamava Alma Blues.

Conheci então, produtores de eventos, como os amigos Arildo Bluesman, Paulo Vanzillotta e Denise do Amaral (projeto “Banca do Blues”), Marcio Kerbel, Diego Carvalho e vários músicos do cenário brasileiro de blues. Parti para um trabalho autoral com a Zanata & Blues Trio e de covers com o projeto acústico Roda de Blues. Já acompanhei e/ou dividi o palco com vários guitarristas e bluesmen: Victor Biglione, Big Gilson e Ugo Perrota (Big Allanbik), Otávio Rocha (Blues Etílicos), Gustavo Lazo, Julio Gallardo e Martin Luka (Argentina), Maurício Sahady (Atlântico Blues), Décio Caetano, Ricardo Giesta e o gaitista Jefferson Gonçalves (Baseado em Blues). Shows na Argentina, em Minas Gerais, na Ilha Comprida (litoral sul de São Paulo) e em outras cidades do Estado do Rio de Janeiro. Também sou o idealizador e produtor do NITERÓI DE ALMA BLUES FESTIVAL, que movimentou o cenário blues de Nikiti City por quatro edições, entre 2003 e 2007 (edição esta que contou com apoio da secretaria de cultura de Niterói).

Em 2006 lancei o EP independente intitulado Alma Blues, com quatro temas autorais, contando com as participações especiais dos guitarristas Big Gilson e Ricardo Giesta, da cantora Luciana Lazulli, do baixista Francisco Falcon, do naipe de metais da banda SouSoul, Betina Fishkel, Rosalvo Jr. e Marcelo Palermo, e de muitos outros amigos. Atualmente venho tocando nas apresentações ao vivo com Percy Hatschbach (vocal e guitarra da Salinas Blues Band), Ronaldo Cabral (baixo), Marvin Foster (guitarra e vocal) e Fernando Dias (bateria).

UM - Quais as canções mais importantes para você, que mais mexeram e ainda mexem contigo? RZ - Breaking all the rules e Do you feel like we do, do Peter Frampton; Start me up, do Rolling Stones; Blues motel, do Celso Blues Boy; Crossroads, do mestre Robert Johnson; Texas flood, do Stevie Ray Vaughan; Little wing, versão do Stevie Ray Vaughan; Superstition, do Stevie Wonder; Hotel California, Eagles; The sky is crying, do Elmore James; Stairway to heaven, do Led Zeppelin; Detroit rock City, do Kiss; The number of the beast, do Iron Maiden; Pense e dance e Down em mim, do Barão Vermelho. UM - Qual o seu top5 de banda? RZ - Pensando em bandas, curto muitas, não necessariamente grupos cujo trabalho se encaixa dentro de um mesmo “tipo de som”. Eu destacaria, com enorme dificuldade para escolher apenas cinco: Rolling Stones, Cream, Lynyrd Skynyrd, Blues Etílicos e Iron Maiden. UM - Qual sua guitarra titular e sua aparelhagem em show? RZ - É a Malena. Uma Relic Fender Stratocaster Highway One. Batizei a guitarra de Malena em homenagem à baita interpretação da bela atriz Monica Bellucci no filme italiano, Malena. Meu amplificador é um Fender Blues Jr. Quanto aos pedais, só uso três. Um Cry Baby Dunlop, um Micro Amp da MXR e um Turbo Over Drive da Boss. UM - Quais os covers que nunca faltam em uma apresentação? RZ - Não tem como deixar de tocar os clássicos, Crossroads, Hoochie coochie man, Got my mojo working, Before excuse me e The thrill is gone. UM - Você é viciado em futebol argentino. Como começou? RZ - O time que me fez gostar de futebol foi o Flamengo do meio para o final da década de 70, quando eu tinha meus 11 anos. E um baita ídolo daquele Flamengo era o argentino Narciso Horácio Doval, revelado no San Lorenzo de Almagro. Loiro, cabelo comprido, defensor das cores do rubro-negro carioca... não demorou e logo um vizinho e amigo do meu pai me apelidou de Doval. Depois, este mesmo vizinho, vascaíno doente, me apelidou de Zanata, meio-campista que deixou o Flamengo e foi atuar no "gigante da colina" (Vasco). Em casa, através do meu pai, que é apaixonado por futebol, nunca houve preconceito contra o futebol argentino e já naquela época, torci pela Argentina na final contra a Holanda, no mundial de 1978. A derrota daquela fantástica seleção brasileira de 1982 e, depois, da boa seleção de 1986, me fizeram prestar mais atenção ao futebol jogado na argentina, que justamente em 1986 conquistou seu segundo título mundial com o Maradona jogando barbaridade. Meu ídolo maior é o Zico, mas o que vi o Diego Armando Maradona fazer na Copa de 86 foi inesquecível. Passei a acompanhar os jogos do Napoli da Itália, só para ver o Maradona jogar. Enquanto eu admirava o futebol maravilhoso de um camisa 10 argentino que encantava o mundo, no Brasil as seleções pós 86 começaram a privilegiar mais os jogadores de marcação do que os encarregados da armação. O Brasil ia de Dunga e o Mauro Silva (bons jogadores) a Argentina escalava um ótimo Fernando Redondo no seu meio-campo. Resumindo: Passei a gostar de futebol porque admirava e admiro bons jogadores de meia cancha, como os antigos e tradicionais, camisas 8 e 10. A Argentina continua a produzir vários destes jogadores enquanto que no Brasil, quando 'surge' um Paulo Henrique Ganso, é a exceção que confirma uma regra que não me agrada. Perdi muito interesse pelos campeonatos disputados por aqui até começarem a vir para cá nomes como, Juan Pablo Sorín, D’Alessandro, Montillo e Conca. UM - O amor do argentino com o futebol é igual ao do brasileiro. O mesmo não se pode dizer em relação ao blues e ao rock. Lá é algo muito comum, né? RZ - Estive na Argentina duas vezes. Na primeira, em 2009, foi principalmente para tocar no Mr. Jones Pub, uma casa especializada em noites de blues, respeitadíssima por lá, com uma programação que inclui shows de ótimas bandas argentinas e destacados blueseiros brasileiros e norte-americanos. Toquei com o gaitista Gustavo Lazo e o baixista Júlio Gallardo. Sempre que tive a oportunidade de conferir a programação de algumas estações de rádios, em hotéis ou dentro dos bares e táxis, conferi que sempre estava rolando bandas de blues-rock (eu não disse pop-roquinho!) da Argentina. Um contexto que não vi por aqui. Gosto muito da banda Intoxicados, que continha membros da Viejas Locas, e que se desfez justamente em 2009. Do som deles eu indico o som Las cosas que no se tocan, que foi tema do filme Elefante Blanco, estrelado pelo Ricardo Darín. O som da Intoxicados e o da Viejas Locas tem muito de Rolling Stones. Também me lembram a nossa saudosa e gaúcha, Garotos de Rua do mestre Bebeco Garcia. Isso sem falar do grande Norberto ‘Pappo’ Napolitano (Pappo's Blues) que foi e ainda um símbolo enorme para os argentinos amantes do blues e do rock’n’roll.

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