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Bate-papo com Big Gilson


O veterano do blues carioca, Big Gilson, frequentador antigo da casa, está há trinta anos na estrada. Uma carreira vitoriosa que começou no saudoso Big Allanbik, passou para carreira solo e.... Calmai aí, eu disse trinta (30) anos? Perdão, o guitarrista corrige, "Na verdade, tenho mais tempo de estrada, minha vida, carreira, sempre teve essa velocidade estratosférica... Foi tanto de carreira, parei para pensar e resolvi fincar em trinta, é um número bacana de registrar".

Big Gilson falou sobre os dois últimos discos, Aqui Pra Você e XXX, e a opção por cantar em português. "(...) Me diziam que um disco em português seria legal pois não haveria problema de comunicação. Foi um grande desafio e tive coragem em 2013 para lançar o disco. (...) Como não estamos na grande mídia, é importante ter a comunicação mais rápida possível com o público e o português possibilita isso". O bluesman, que já se apresentou no Blue Note de Nova Iorque quatro vezes, também falou sobre o já tradicional Tributo a Eric Clapton, "(...) esse show de tributo a Eric Clapton é mais para eu tocar por aqui, em casas menores, bares, é um pouco mais descontraído. Claro que eu sempre levo a sério, mas é um clima diferente, para se divertir, mais relax. Pela primeira vez faremos em uma casa maior (Blue Note Rio, 16 de Janeiro), com mais estrutura, melhor som, iluminação, mais público. Essa brincadeira está ficando mais séria, ensaiando bastante, estamos muito animados!".

Além da apresentação no Blue Note Rio, o músico estará ao lado de outro veterano, Álamo Leal, com o melhor do delta blues toda quarta-feira de janeiro no Mississipi Delta Bar. Há um bom tempo o Rio de Janeiro não apresentava tanta opção de qualidade à cena blues-rock. Bons ventos soprarão em 2018, fiquem ligados!



Ugo Medeiros - Desde o nosso último bate-papo, você gravou bastante coisa e o site saiu daquela plataforma do Blogspot e migrou para um domínio .com. Portanto, os dois estão de parabéns! Uma dúvida, de lá pra cá as suas influências continuam Clapton, Hendrix e Johnny Winter ou você passou a enxergar Anitta e o sertanejo universitário com outros olhos (rs)?


Big Gilson – Parabéns a nós pelas nossas evoluções! As minhas influências continuam as mesas, música BOA. Sobre Anitta, sertanejo universitário e outras coisas, não tenho como dizer que é ruim porque simplesmente não escuto, me abstenho desse mundo (rs).


UM - Agora, deixando apresentações e brincadeiras de lado, falemos dos seus trabalhos. Vamos por ondem cronológica. O disco Aqui pra você (2013) foi algo inédito na sua carreira, totalmente cantado em português. Acho isso corajoso! Essa ideia veio a partir do Erasmo Carlos? Fale um pouco sobre esse projeto.


BG – Sim, esse era um desafio que já estava na minha cabeça, me rondava há um bom tempo. Pessoas queridas, que eu considero muito, me diziam que um disco em português seria legal pois não haveria problema de comunicação. Foi um grande desafio e tive coragem em 2013 para lançar o disco. O Erasmo Carlos foi uma dessas pessoas importantes que me incentivaram a encarar esse desafio. Curti bastante o resultado, tive parcerias muito legais, como o B Negão e Sergio Vid. Me cerquei de pessoas boas e foi muito legal. O disco foi indicado ao Grammy Latino em duas categorias, Melhor Álbum e Melhor Álbum de Rock Brasileiro, ele trouxe muita coisa bacana. E, de fato, a coisa da comunicação foi impressionante, nunca imaginei, pois as pessoas curtiam no show instantaneamente.


UM - Logo depois veio o DVD. Foi gravado em Buenos Aires?


BG – Na real, o DVD veio antes do Aqui Pra Você. Sim, ele foi gravado em Buenos Aires em uma casa super legal, com um clima especial, toda em madeira, com uma acústica muito legal. Eu já tinha tocado lá há um tempo, o meu show foi o primeiro internacional da casa. Falava sempre que se eu gravasse um DVD, o que antigamente era muito difícil, seria lá. E acabou rolando.


UM - O seu último trabalho XXX é uma comemoração aos seus trinta anos de estrada. Como foi a produção do disco? Quais participações? Novamente um disco totalmente em português, acho que você tomou gosto, né..


BG – O disco 30 ou XXX, como queira, foi para comemorar os trinta anos de carreira, foi um marco. Na verdade, tenho mais tempo de estrada, minha vida, carreira, sempre teve essa velocidade estratosférica... Foi tanto de carreira, parei para pensar e resolvi fincar em trinta, é um número bacana de registrar. É uma continuação do Aqui Pra Você, também todo em português, e foi gravado praticamente todo ao vivo em estúdio. Minhas guitarras foram todas ao vivo, em primeiro take, uma ou outra teve um retoquezinho, mas muito pouco. A maior participação foi a do meu parceiro Leão Leibovich, que compôs as letras comigo e fez a capa. Tiveram algumas outras também, como Beto Saroldi no saxofone e naipes de metal nas faixas Um brinde! e Aroma de portia, Jefferson Gonçalves tocando gaita em Blues! Blues! Blues!, Sergio Rocha e vários outros. Todos amigos especiais e grandes músicos. Realmente, eu tinha que fazer a continuação do Aqui Pra Você, como você disse, tomei gosto porque ao vivo funciona super bem. Como não estamos na grande mídia, é importante ter a comunicação mais rápida possível com o público e o português possibilita isso. Sinceramente, não sei se o próximo disco seguirá essa linha, mas com certeza ao vivo rolará muita coisa em português.


UM - Anteriormente falei que a sua escolha por um disco autoral em português requer coragem. Você, músico, sabe melhor do que eu, o Rio de Janeiro hoje dificilmente tem bons espaços para o blues, blues-rock, classic rock autoral. Como é equilibrar a balança, de um lado tocar pouco na cidade com o seu projeto autoral e do outro ter um projeto cover/tributo com mais frequência e com mais público?


BG – Então, eu sempre compus as minhas canções, mesmo as que eram em inglês. Quando a canção não era minha, fazia uma versão do original, nunca fui muito de covers, sempre preferi fazer releituras de canções dos músicos que admirava. Agora, como você falou, o Rio de Janeiro não tem grandes espaços, apesar de estarem abrindo alguns bem legais, como o Mississipi Delta Blues Bar na Gamboa, o Blue Note Rio. A coisa tá melhorando, os espaços não são grandes mas tá formando uma cena mais forte, bem melhor do que há tempos atrás, vejo a coisa crescer. Embora o meu forte nunca ter sido o Rio de Janeiro nem o Brasil, sempre toquei mais fora. Claro, com dois discos em português em sequência foquei um pouco mais no mercado brasileiro, mas desde o final do ano passado voltei ao exterior, fiz uma turnê pela Europa. O mundo todo tá difícil, mas aqui está ainda mais, por isso mesmo não tenho como recusar convites em lugares que o meu trabalho consegue chegar. Vê só, quando faço o meu trabalho autoral Big Gilson & Blues Dynamite, toco pouco no Rio de Janeiro, não tem espaços. Já esse show de tributo a Eric Clapton é mais para eu tocar por aqui, em casas menores, bares, é um pouco mais descontraído. Claro que eu sempre levo a sério, mas é um clima diferente, para se divertir, mais relax. Pela primeira vez faremos em uma casa maior (Blue Note Rio), com mais estrutura, melhor som, iluminação, mais público. Essa brincadeira está ficando mais séria, ensaiando bastante, estamos muito animados!


UM - Como disse anteriormente, você fará o seu tradicional tributo a Clapton no Blue Note Rio dia 16 de janeiro. Agora, você já tocou no Blue Note de Nova Iorque, certo? E se não me engano tem um disco gravado na casa. Como foi? Você já tinha tocado na casa com o Big Allambik?


BG – Sim, já toquei no Blue Note de Nova Iorque quatro vezes! A primeira vez foi com o Big Allanbik (acho que foi 1994 ou 95), depois fiz o meu show. Aí a terceira vez foi para gravar o meu disco e novamente para lançar o álbum. Já sou calejado em tocar no Blue Note! Tocar no Blue Note Rio, aqui na minha cidade, pertinho da minha casa, é uma sensação muito especial, super bacana.


UM - Como será o formato do show no Blue Note Rio? Você tocará com aquela guitarra ressonator ou seguirá a tradição com uma Fender Stratocaster? Quem o acompanhará? O setlist será mais específico de uma fase do Clapton ou terá um pouco de tudo?


BG – Provavelmente não usarei a guitarra ressonator, ela é mais para o meu show, Big Gilson. Como é um tributo ao Clapton, mesmo sem fazer tudo igualzinho, acho importante manter a sonoridade da coisa, do gênero. Acho que tocarei com a minha Gibson SG e também com a minha Stratocaster. Faremos como o próprio Clapton, abriremos com um set acústico e depois passando para o elétrico. Quanto ao setlist, abrangeremos a carreira toda, desde o começo até os últimos discos, embora essa fase mais recente não entre muita coisa. Os clássicos estarão, um ou outro “lado B”, principalmente as acústicas. Tenho a fama de ser um guitarrista barulhento, mas adoro tocar acústico.


UM - Você poderia falar da influência do Clapton na sua formação musical?


BG – Ele foi fundamental na minha formação e na de todos os caras que gostam de blues e rock clássico, blues-rock, rock-blues. Às vezes ele nem gravava um disco de blues mas sempre dava um gás no blues. É um cara que transcende o tocar da guitarra, meio que um toque de Midas, o toque de ouro. Ele tem aquele toque, uma pegada especial. Sempre foi muito importante na minha vida. Desde moleque, até hoje, quanto mais escuto mais detalhes. Vê só, alguns discos que antigamente eu não gostava, hoje entendo e gosto, percebo a riqueza dos detalhes, a coisa da respiração das notas. Ele tem um jeito de tocar muito orgânico. Espero que todos estejam lá, você também, Ugo. Será uma noite muito especial!

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