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Entrevista Jordan Matthew Young


Olhe bem para a foto e responda quem esse garoto branquelo e loiro parece. Primeira tentativa, Greg Allman? Vamos lá, mais uma chance. Johnny Winter? Pois é, Jordan Matthew Young lembra demais esses dois ídolos do blues-rock, mas todo o merecido destaque não se deve apenas pelas semelhanças físicas. Jordan é uma das felizes revelações do estilo, toca acústico como poucos, já abriu para o ZZ Top e chama atenção pelo instrumento inusitado, o cigar-box. Sim, o nome já diz, um apetrecho musical feito a partir de uma caixa de charutos! "O cigar-box dobro é um instrumento bem antigo do delta blues, as pessoas costumavam usar um manete de pá ou um taco de sinuca preso no meio de uma caixa qualquer, às vezes uma lata de óleo, qualquer coisa que fizesse ressoar. Muitos tinham apenas uma corda feita do fio daquelas portas de tela", explica.

O músico natural do interior de Utah, que começou a carreira com a banda Candy's River House, vive atualmente em Austin, excursiona por todo os EUA e atrai a atenção do público e da mídia especializada. Os discos Stolen in the Middle of the Night e Another Night são bem interessantes e valem uma audição atenta.

Jordan também é um músico dedicado às raízes e declara amor ao country de Hank Williams e ao blues de artistas como Bessie Smith. E falando em amor, o cara é fascinado por John Lee Hooker, a quem homenageou com uma bela tatuagem, "ele é, provavelmente, a maior influência que tive ao começar a cantar e tocar, isso porque eu fui baterista por quase dez anos. Eu diria que ele praticamente me ensinou tudo sobre os fundamentos da guitarra. O disco Live at Cafe Au Go-Go (and Soledad Prison) está no top 3 de discos de blues que mais me influenciaram".


Ugo Medeiros – Você é nascido e criado em Salt Lake City. A cena blues-rock lá é mais influenciada pelas bandas e pelo som da Califórnia ou é possível dizer que a cidade tem a sua própria identidade musical?


Jordan Matthew Young - Na verdade eu nasci em uma cidadezinha bem rural em Utah, eu sempre vivi em cidades pequenas até me mudar e ficar em Salta Lake City por uns cinco anos. A cena de blues em Salt Lake City é mais parecida com outras cidades montanhosas, como no Colorado, Montana e Carolina do Norte. Mas não é uma cena tão grande, e é por isso que me mudei para o Tennessee em 2008. Foi justamente onde passei a absorver a cultura musical ao meu entorno e a aprender sobre música de raiz.


UM – Atualmente você vive em Austin, Texas, Certo? Acredito que seja uma cidade completamente diferente de Salt Lake City. Para um jovem músico, viver em Austin ajuda na carreira? Ou essa mudança de nada teve a ver com a carreira?


JMY - Sim, é bem diferente em relação a Salta Lake City. Nós adoramos Austin, definitivamente foi um passo na minha carreira. Eu queria voltar ao sul dos EUA, estar rodeado de mais música, indústrias, mais músicos e cultura. Por aqui há uma infinidade de músicos muito bons e casas para tocar. Algumas dessas casas são famosas e funcionam há anos, receberam Stevie Ray Vaughn e Bob Wills and his Texas Playboys. Aqui em Austin há uma cena musical bem enraizada, é um ótimo lugar para um músico morar.


Pergunta de Renato Zanata – Você tem uma tatuagem do John Lee Hooker? DEMAIS! O quanto John Lee Hooker influenciou a sua música?


JMY - Demais que você tenha o reconhecido! Sim, ele é, provavelmente, a maior influência que tive ao começar a cantar e tocar, isso porque eu fui baterista por quase dez anos. Eu diria que ele praticamente me ensinou tudo sobre os fundamentos da guitarra. O disco Live at Cafe Au Go-Go (and Soledad Prison) está no top 3 de discos de blues que mais me influenciaram.


Pergunta de Renato Zanata – Você toca um instrumento ainda bem desconhecido aos brasileiros, o cigar-box guitar. Como ele é feito? Qual a afinação que você usa normalmente?


JMY - O cigar-box dobro é um instrumento bem antigo do delta blues, as pessoas costumavam usar um manete de pá ou um taco de sinuca preso no meio de uma caixa qualquer, às vezes uma lata de óleo, qualquer coisa que fizesse ressoar. Muitos tinham apenas uma corda feita do fio daquelas portas de tela. O cigar-box que eu costumo usar foi projetado e construído por um amigo, Dave Smith da Defiant Guitars. Tem três cordas e foi feito a partir da caixa de charutos Romeo y Julieta (minha escolha!). Geralmente afino em G D G. Usa apenas pickup piezo, muito parecido como seria em um violino, mas eu toco através de um amplificador de guitarra e pedais para fazê-lo "rosnar".


UM – Você começou com a banda Candy's River House ou ela sempre foi a sua banda de apoio?


JMY - Então, em 2009 formei o Candy's River House junto com dois amigos bem próximos quando morava no Tennessee. Mantive o nome por alguns anos apesar das constantes mudanças na banda, achava um nome único. Ano passado finalmente mudei para Jordan Matthew Young, mas, tirando o nome, de resto continua o mesmo.


UM - Stolen in the Middle of the Night é um bom disco, sobretudo a canção Only ten I see. Você poderia falar sobre o disco?


JMY - Essa é uma canção antiga que logo gravei como EP (compacto), foi a primeira que compus quando me mudei para Salt Lake City. Muitas pessoas parecem gostar de Only ten I see, foi bem divertido escrevê-la, muitas das canções têm uma forte influência de ZZ Top. Quase todas as faixas foram gravadas ao vivo nesse disco, acho que terminamos tudo em três dias. Depois de gravar Stolen in the Middle of the Night entrei numa de melhorar os meus vocais, o que veio no disco seguinte.


UM - Another Night é o seu segundo disco. Way down south e ’88 Chevy são ótimas canções! Você poderia falar sobre o disco?


JMY - Ah sim, esse foi o disco que eu mais investi tempo e energia. O gravei com o objetivo de ser o melhor disco de rock no estado e acabamos ganhando os prêmios de Melhor Álbum do Ano e de Melhor Banda em Utah. Another Night foi feito como Stolen in the Middle of the Night, baixo, bateria e guitarra gravados ao vivo no mesmo take. Fizemos depois apenas os vocais e solos. Another Night também foi gravado em Salta Lake City no Man Vs Music Studio. Depois que o disco foi lançado pegamos a estrada e excursionamos a maior parte do ano.


UM – Eu assisti a alguns dos seus vídeos acústicos, muito bom! Você cogita gravar um disco acústico? Falando em acústico, quem mais te influenciou no estilo acústico?


JMY - Eu penso seriamente em gravar um disco acústico, eu adoraria fazê-lo. Eu tenho muito material acústico que não toco normalmente com a banda, adoraria gravar tudo isso. Novamente, diria que o John Lee Hooker é uma grande influência tanto no elétrico como no acústico, mas também sou um grande fã do country clássico, artistas como Hank Williams e Webb Pierce. Mas eu considero que as minhas principais influências acústicas estão mais para o lado do delta/dixieland, nomes como Bessie Smith, Mississippi John Hurt e Scott Joplin. Muito do meu padrão de palhetadas veio do dixieland. Eu também peguei muito do estilo de bluegrass quando morei no Tennessee.


UM - Outras pessoas já devem ter te falado. Bicho, você lembra demais o Johnny Winter (rs)! Além dessa semelhança física, o quanto a música dele te influenciou?


JMY - Demais. Ele é, definitivamente, um dos maiores guitarristas de blues de todos os tempos. Fui ficando mais velho e a minha música foi soando mais com artistas como Johnny Winter e Greg allman, o que acaba sendo engraçado, pois sempre lembram das semelhanças físicas.


UM – Ano passado você gravou um EP, Rain or Shine. Você poderia falar sobre?


JMY - Essa foi uma compilação de, talvez, dez canções que estavam para ser finalizadas. Quando fomos convidados a abrir para o ZZ Top, sabia que precisávamos algo novo para lançar. Então eu peguei quatro canções já finalizadas e corri para lançá-las em um EP. Foi uma grande chance, é um material meu um pouco mais calcado no soul. Tenho me divertido tentando gêneros diferentes.

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