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Entrevista Noel Andrade


A complexidade em certos discos do Emerson, Lake and Palmer assusta. A construção altamente intelectualizada do Pink Floyd impressiona. O jazz fusion trouxe padrões difíceis, assim como o King Crimson fundou um novo universo, uma sonoridade labiríntica, quase incompreensível. Todos esses grande referências no rock em geral, evidente, mas a fritação neurológica não é algo para todos os momentos, há hora que é preferível a simplicidade e a leveza do acústico. E por isso uma vertente dentro das pesquisas musicais deste site apontou para a velha viola de dez cordas e a música caipira.

Noel Andrade é um mestre nesse estilo e bateu um papo fantástico com o Coluna Blues Rock, explicando desde a origem desse instrumento, sua concepção sobre o gênero musical e o novo disco - sensacional, diga-se - com o Blues Etílicos em homenagem a Tião Carreiro. "Quando nos juntamos, o Blues Etílicos e eu, no primeiro contato com a obra do Tião Carreiro, o Flávio Guimarães me chamou de lado e disse "Cara, nunca escutei nada igual a esse som que estamos fazendo, isso é muito diferente...", falou sobre o inusitado projeto de juntar a sonoridade caipira e o blues.

Músico experiente, grande fã de Almir Sater, Noel é um violeiro caipira que divide o tempo entre a fazenda e o caos urbano de São Paulo. E essa confusão geográfica talvez o tenha despertado para misturas, fato é que ele nunca teve medo de inovar nem de ser considerado um infiel no mundo caipira. "O folk, o rock, a musica caipira, o baião, a musica celta, o blues, o samba, são todos irmãos, carregam o tal código. A música é uma linguagem compreendida e escrita universalmente. Em uma entrevista recente o Renato Teixeira disse algo interessante, “eu acho que esse povo que canta é tudo parente.”", elucidou sobre as semelhanças entre as diferentes músicas no mundo.

O blues sempre proporcionou boas descobertas e dessa vez não foi diferente, através do novo trabalho do Blues Etílicos o Coluna Blues Rock acrescentou de vez o sotaque e abriu a porrrrrrteira do mundo caipira. Noel Andrade é um excepcional músico e sempre terá destaque neste site tão pouco acessado e sem a menor relevância midiática.


Ugo Medeiros – Música caipira, rural ou camponesa. O que você prefere? Por quê?


Noel Andrade - incontestavelmente estamos falando de musica caipira quando nos referimos a essa música representada por grandes duplas, trios, alguns grupos e cantores. Essa que iniciou seu ciclo comercial por volta de 1928 com a primeira produção independente do Brasil feita por Cornélio Pires e teve como rainha Inezita Barroso. Diga-se de passagem, desde o começo esses artistas foram campeões de vendas em todo território nacional. Como bem explica Darcy Ribeiro, essa área da música caipira representa uma cultura chamada “Paulistânia”, sendo uma das mais características e uma das que mais se transformou. Essa área é composta pelos estados de São Paulo, grande parte de Minas Gerais, Goiás, grande parte do Mato grosso, parte do Paraná e, de certa maneira, Espirito Santo e Rio de Janeiro são afins.


UM – Quase todo músico caipira começou através da família. Também foi o seu caso?


NA - Sim, sou de uma família de músicos. Segundo me contaram, meu avô tocava violão muito bem e se apresentava naquelas festas que aconteciam em bairros rurais, quermesses, lá por volta de de 1950, ao lado dos seus filhos, irmãos e alguns amigos. Era uma outra época. Tenho vários primos músicos (todos roqueiros) e professores, uma turminha ligada a esse universo musical!


UM – A viola caipira de 10 cordas tem origem portuguesa, foi trazida pelos jesuítas e usada na evangelização dos índios. Ela foi bem assimilada aqui na colônia. Poderia fazer um histórico sobre o instrumento?


NA - O histórico resumido é isso mesmo que você colocou, mas o interessante mesmo, no meu modo de ver, foi o encontro dessa viola com o brasileiro em si. Todas as variações rítmicas e melódicas pelas quais o instrumento passou, transformou e se desenvolveu, sempre acompanhando a evolução histórica desse povo. Ela ganhou tanto na qualidade técnica, digo na forma de tocar, como também na maneira de construir o instrumento. Sabia que algumas violas construídas com madeiras e com técnicas brasileiras foram importadas por músicos Portugueses? E que violeiros “dos nossos” vão à Portugal ensinar a nossa forma de tocar?


UM – Essa música popular caipira, assim como quase todos os estilos brasileiros, é muito ligada às danças populares, não?


NA - Uma vez ouvi uma observação de um antropólogo. Ele disse que a cultura caipira é completa pois tem um calendário anual de festas típicas, culinária, vestuários, religião, danças, músicas... Sem falar que o Brasileiro é um povo muito alegre, festeiro, com essa vocação máxima para criar e transformar tudo em MPB (música popular brasileira). A dança está muito em nós!


UM – Quais foram as suas maiores referências na música caipira?


NA - Comecei na viola quando escutei um LP do Almir Sater chamado Rasta Bonito. Foi gravado nos Estado Unidos, pirei com aquele som! Logo fui atrás dos outros. Já conhecia alguns daqueles que são considerados os “pilares da musica caipira”, como Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Inezita Barroso. Segui nessa pesquisa. Veja só, é um repertório muito grande, esses três que citei publicaram por volta de duas mil músicas! É um negocio vultuoso e tem muita gente legal. Meu velho, eu escutei e toquei muita coisa que não é caipira mas representa esse mundo rural: Doroty e Dércio Marques, Elomar, adoro o som do Renato Borguetti, Milton Nascimento, Tavinho Moura e segue a lista. É muita coisa que habita esse canto! O que me liga tão forte à obra do Tião Carreiro é o seu toque de viola, seu jeito de pontear, a atitude dele. Entende?


UM - Li em uma reportagem que você é considerado um “violeiro urbano”. Explique.


NA - Agora moro com minha mulher e os dois filhos na roça, uma propriedade rural aqui em Patrocínio Paulista, e divido essa morada com São Paulo, onde faço as movimentações para shows, gravações e divulgação. Não sei se estou te respondendo (rs)! Pode ser porque faço um som mais “misturadão”, partindo disso tudo que falamos até agora com vários elementos, coisas do rock, do blues e do Folk. Esses sons que rodam o mundo encantando as pessoas, acho isso genial! Fazer um som que tenha a capacidade de se comunicar com o Mundo! Isso é demais.


UM – É impossível falarmos de viola caipira e não citar o Almir Sater. Ele é o maior nome da música caipira atual?


NA - Sem dúvida alguma ele é genial, um grande violeiro que revolucionou a forma de tocar viola! E a Parceria dele com o Renato Teixeira, nossa!, os dois se completam tão perfeitamente... e o resultado é magnifico! Adoro o trabalho deles! Agora, será que é musica caipira?


UM – Seu primeiro disco foi Charrua, uma pesquisa detalhada dessa música caipira. Charrua é uma tribo indígena? Seu objetivo era entrar nessa genealogia musical? Ou tem outro significado?


NA - Charrua é uma tribo das montanhas do Uruguai, eles têm o costume de passar a tradição de seus ancestrais através da música, cantando suas histórias. Muito parecido conosco, não é verdade? Nossas músicas são grandes histórias com cenas cinematográficas. Como diria Dorival Caymmi, Minha jangada vai sair pro mar, vou trabalhar meu bem querer... Charrua é também um encerramento de tranças feitas com couro pelos antigos mestres trançadores, ponto onde se escondia e se arrematava todas as pontas! Achei que eu estava concluindo uma fase da minha vida. Procurei arrematar com muito carinho, dentro das possibilidades, minhas histórias e suas matrizes culturais. Precisava fazer um disco assim, já sentia naquela época a necessidade de seguir um rumo como nesse novo trabalho que fiz em parceria com o Blues Etílicos.


UM - Seria possível/correto traçar uma semelhança, ainda que longínqua, entre a música caipira brasileira e o blues?


NA - Essas músicas que representam a terra, o povo que vive esse sentimento, parece que estão conectados a uma informação universal. Sei lá, talvez algum código simpático, semelhante, que aproxima e gera uma força para juntar! O folk, o rock, a musica caipira, o baião, a musica celta, o blues, o samba, são todos irmãos, carregam o tal código. A música é uma linguagem compreendida e escrita universalmente. Em uma entrevista recente o Renato Teixeira disse algo interessante, “eu acho que esse povo que canta é tudo parente”. Concordo plenamente com ele, somos uma tribo universal e a cada dia que passa nos identificamos e percebemos as semelhanças!


UM - O seu disco com o Blues Etílicos é simplesmente sensacional, um dos projetos mais originais dos últimos tempos! Como surgiu a ideia dessa fusão do caipira com o blues? Você já conhecia algum músico da banda? Poderia falar sobre a produção do disco?


NA - Fico feliz por você ter gostado e te agradeço pelos elogios! Não conhecia ninguém pessoalmente, mas sou fã do trabalho deles, a maior banda de blues do Brasil, uma história linda. Eu sempre percebi aquele “código” no som deles. O Almir Sater foi o primeiro cara que escutei falar sobre essa coisa do blues no toque das violas, na musica caipira, na semelhança das afinações, dos pactos com diabo para tocar melhor... Ele trabalhou muito bem essas coisas em suas músicas autorais. Novamente, olhe a importância do cara! Quando nos juntamos, o Blues Etílicos e eu, no primeiro contato com a obra do Tião Carreiro, o Flávio Guimarães me chamou de lado e disse "Cara, nunca escutei nada igual a esse som que estamos fazendo, isso é muito diferente...".

Fui apresentado à família do Tião Carreiro por uma amiga de Araçatuba, terra onde ele se criou. Sugeriram que eu fizesse alguma coisa com sua obra, em 2018 completaria 25 anos de sua morte e não havia nada de significativo feito até então. Pois bem, eu disse que toparia se pudesse misturar a obra do “velho Carreiro” com algum elemento diferente, eles acharam um pouco estranho mas não contestaram! Saí de lá correndo, do celular mesmo, pedi a minha produtora Lú Malheiros para descolar o contato do Blues Etílicos. Disse que queria fazer um show com eles baseado na obra do Tião! Claro, ela logo mandou um "cê tá ficando loco?". Respondi para ela cuidar dos contatos, pois eu tinha certeza que esse negócio daria molho (rs)! Quatro meses depois fazíamos o primeiro show, e um ano depois estávamos com o disco gravado! Gravamos em um estúdio chamado Rancho Rockefeller, uma chácara muito agradável em São Carlos, interior de São Paulo. Fizemos em quatro dias, todos tocando juntos, depois colocamos as vozes e a viola caipira para tirarmos os vazamento que existiam. Foi demais! Passei uma semana no Rio de Janeiro ensaiando com o Blues Etílicos, focado nas gravações, só para mapearmos as canções e realmente sentirmos a real da coisa. Não deu trabalho, foi tudo muito natural. Mostrei as canções que eu havia selecionado a pedido deles durante o ano, eles pegaram gradativamente. Fomos nessa e sempre comentando as semelhanças daquele universo caipira com os bluseiros, realmente curtimos aqueles momentos. Alguns técnicos, entre uma ajuda e outra no estúdio, curtiam demais aquele som que saía e ganhava forma. Fomos tocando, ficando mais legal e quando vimos estava pronto! Saiu quase ao vivo!





ENGLISH VERSION:


Ugo Medeiros - Folk, rural or country music. What do you prefer? Why?


Noel Andrade - Undoubtedly we are talking about brazilian folk music when we refer to this song represented by great duets, trios, some groups and singers. This one that began its commercial cycle around 1928 with the first brazilian independent production made by Cornélio Pires and had Inezita Barroso as hick music "queen". By the way, from the beginning, these artists have been champions of sales throughout the national territory. As Darcy Ribeiro explains [Notes: An important brazilian anthropologist], this area of brazilian folk music represents a culture called "Paulistânia", being one of the most characteristic and one of the most transformed. This area is composed of the states of São Paulo, much of Minas Gerais, Goiás, much of Mato Grosso, part of Paraná and, to a certain extent, Espirito Santo and Rio de Janeiro are related.


UM - Almost every brazilian folk musician started out through the family tradition. Was that also your case?


NA - Yes, I am from a family of musicians. They told me that my grandfather used to play guitar very well and he performed at those parties that took place in rural neighborhoods, around 1950, alongside his sons, brothers and some friends. It was another time. I have several cousins musicians (all rockers) and teachers, a band of great guys connected to this musical universe!


UM - The 10-string guitar has Portuguese origin, was brought by the Jesuits and used in the evangelization of the Indians. It was well assimilated here in the colony. Could you make a history about the instrument?


NA - The summary history is what you put it, but the interesting thing, in my opinion, was the encounter of this 10-string guitar with the brazilians itself. All the rhythmic and melodic variations through which the instrument passed, transformed and developed, always accompanying the historical evolution of this people. It has gained so much in the technical quality, I say in the form of playing, but also in the way of constructing the instrument. Did you know that some 10-string guitars built with brazilian wood and brazilian techniques were imported by portuguese musicians? And what about our 10-string guitar players going to Portugal to teach how to play?


UM - This popular brazilian folk music, like almost all brazilian styles, is very much linked to popular dances, is not it?


NA - I once heard a remark from an anthropologist. He said that the brazilian folk culture is complete because it has an annual calendar of typical festivals, cuisine, clothing, religion, dances, music... Not to mention that the Brazilian is a very joyful people, partying with this maximum vocation to create and transform all in brazilian popular music. Dance is very much in us!


UM - What were your biggest references in brazilian folk music?


NA - I started on the 10-string guitar when I listened to an LP by Almir Sater called Rasta Bonito. It was recorded in the United States, I got crazy with that sound! Then I went after the others. I already knew some of those who are considered the "pillars of brazilian folk music", such as Tião Carreiro and Pardinho, Tonico and Tinoco, Inezita Barroso. I followed that research. See, it's a very big repertoire, these three that I quoted have published around two thousand songs! It's a big list and lots of cool people. Man, I listened and played a lot that is not necessary a brazilian folk but represents this rural world: Doroty and Dércio Marques, Elomar, I love the sound of Renato Borguetti, Milton Nascimento, Tavinho Moura and follows the list. It's a lot that lives over here! What binds me so strongly to Tião Carreiro's work is his touch on 10-string guitar, his way of picking, his attitude. You see?


UM - I read in a report that you are considered an "urban 10-string guitar player". Please, Explain it.


NA - Now I live with my wife and two children in the farm, a rural area here in Patrocínio Paulista, and I split this address with São Paulo, where I make the moves for shows, recordings and divulgation. I do not know if I'm answering you (LOL)! It may be because I make a more "mixed" sound, starting from everything we have talked about so far with various elements, things from rock, blues and US folk. These sounds that rotate the world enchanting people, I think that's great! Make a sound that has the ability to communicate with the World! That's awesome.


UM - It's impossible to talk about a 10-string guitar and not mention Almir Sater. Is he the biggest name in today's brazilian folk music?


NA - Undoubtedly he is genius, a great guitar player who has revolutionized the way he plays 10-string guitar! And his partnership with Renato Teixeira, oh my!, the two complete so perfectly... and the result is magnificent! I love their work! Now, is it brazilian folk music?


UM - Your first record was Charrua, a detailed survey of this brazilian folk music. Is Charrua an Indian tribe? Was your goal to enter into this musical genealogy? Or does it have another meaning?


NA - Charrua is a tribe from the mountains of Uruguay, they have the custom of passing the tradition of their ancestors through music, singing their stories. Much like us, is not it? Our songs are great stories with cinematic scenes. Charrua is also a technic to make some braided clothing with leather by the old braiding masters, a point where all the tips were hidden and finished! I thought I was completing a phase of my life. I tried to close my stories and cultural basis with great affection, within the possibilities. I needed to make such a record, I already felt at that time the need to follow a course as in this new work I did in partnership with Blues Etílicos.


UM - Would it be possible/correct to draw a resemblance, albeit a long way, between brazilian folk music and blues?


NA - These songs that represent the rural feelings, the people who live this feeling, seem to be connected to a universal information. I do not know, maybe some nice code, similar, that approaches and generates a force to bring people together! Folk, rock, country music, baião [Notes: another brazilian musical style], celtic music, blues, samba, are all brothers, they all carry the code. Music is a universally understood and written language. In a recent interview Renato Teixeira said something interesting, "I think this people who sing is all relative." I fully agree with him, we are a universal tribe and with each passing day we identify ourselves and perceive the similarities!


UM - Your album with Blues Etílicos is simply sensational, one of the most original projects of recent times! How did you come up with the idea of ​​this crossover between brazilian folk and the blues? Did you already know any Blues Etílicos musician? Could you talk about the production of the record?


NA - I'm glad you liked it and thank you for the compliments! I did not know anyone personally, but I'm a fan of their work, the biggest blues band in Brazil, a beautiful story. I always realized that "code" in their sound. Almir Sater was the first guy I heard talking about this blues thing in the 10-string guitar playing, the brazilian folk music, the similarities of the tunings, the devil pacts to play better... He worked very well on his own songs. Again, look at the importance of Almir Sater! When we got together, the Blues Etílicos and I, in the first contact with the work of Tião Carreiro, Flávio Guimarães called me aside and said "Man, I've never heard anything like that sound we're doing, that's very different...".

I was introduced to Tião Carreiro's family by a friend from Araçatuba, the land where he grew up. They suggested me that I could do something with his work, in 2018 he would complete 25 years of his death and there was nothing of significance done until then. Well, I said I would do if I could mix the Carreiro's work with something different, they found it a little strange but they did not deny! I got out of there, from the cell phone myself, I asked my producer Lú Malheiros to take the contact from Blues Etílicos. I said that I wanted to do a show with them based on Tião's work! Of course, she soon sent a "are you crazy?". I answered her to take care of the contacts, because I was sure that this musical partnership would give some smoke (LOL)! Four months later we had the first show, and a year later we had the record! We recorded in a studio called Rancho Rockefeller, a very nice farmhouse in São Carlos, in a rural area of São Paulo. We did it in four days, all playing together, then we put the voices and 10-string guitar to remove the leaks that existed. It was awesome! I spent a week in Rio de Janeiro rehearsing with Blues Etílicos, focused on the recordings, just to map the songs and really feel the real thing. It was easy, it was all very natural. I showed the songs that I had selected at their request during the year, they picked up gradually. We were in this and always commenting on the similarities of that brazilian folk universe with the bluesmen, we really enjoyed those moments. Some technicians, between one help and another in the studio, were very happy with that sound that was coming out and taking shape. We were playing, getting cooler and when we saw it was ready! Recorded almost alive!



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