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Entrevista Rick Ferreira

...Aí vem um cara já alcoolizado e manda o clássico grito "Toca rauuuuuuuuuuul". E Rick Ferreira não apenas toca como brada orgulhoso a alcunha de "guitarrista do Raul". Responsável pelas guitarras extremamente rock'n'roll, cativantes, com sons bem americanos, Rick sempre teve química com Raulzito, o acompanhou de 1974 a 89 e produziu o álbum Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!. E engana-se quem aposta em neutralidade ao eleger o disco favorito com o baiano. "Posso citar alguns, Abre-te Sésamo, El Dorado, Metro Linha 743 e Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!. Esses são os quatro maiores álbuns na carreira do Raul. Adoro todos que participei, Gita é obra prima, maravilhoso, arranjos, tudo. Mas esses eu destacaria como os melhores. E talvez, não por ter produzido, considere o disco mais rock’n’roll dele o Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!", admite.

Que Rick foi engrenagem fundamental na carreira de Raul, todos sabem, mas nem todos se dão conta que o guitarrista é personagem e testemunha da música brasileira. Produziu e tocou com gigantes como Erasmo Carlos, Belchior, Zé Ramalho, estava junto do cometa Paulo Diniz, um dos músicos mais subestimados. Uma lenda viva devoto ao melhor do country e do bluegrass, sonoridades comuns na discografia do mito Seixas, um mestre no pedal steel guitar e no dobro. Enfim, um monstro cuja trajetória musical entrelaça-se com a história do rock no Brasil.

Seu reconhecimento dentre os fãs é gigante e todo o carinho é comprovado pela campanha para colocá-lo no Rock in Rio 2019. "Para este ano ainda tenho esperança de levar o meu projeto 30 anos sem Raul. Pela data, pela ausência - ou presença, Raul está cada dia mais vivo na memoria de todos... -, obviamente que eu levaria convidados, prepararia um show merecedor em homenagem ao meu amigo Raul", comentou.

Ugo Medeiros - Você fará um show de tributo a Raul Seixas no Blue Note Rio (16/2), estou bastante ansioso! Como será o formato?


Rick Ferreira – Estou neste projeto desde 2008 e é a mesma banda até hoje. Márcio Saraiva na bateria, Marcio Chicralla no baixo, Miguel Archanjo no teclado, Pedro Terra (meu filho) na guitarra e Emerson Ribber no vocal. Para este show convidei o Fabricio Ioreo, que no ano retrasado participou do Baú do Raul, projeto da Kika seixas no Circo Voador. Como esse tem maior visibilidade, o convidei. Teremos também a participação da minha querida e grande artista Danni Carlos. Tive a honra de produzir vários de seus discos, aquela época de acústicos com repertórios internacionais, foi um grande sucesso. Convidada de honra! Será um apanhado geral da obra do Raul, com mais destaque a tudo que gravei com ele, sobretudo os solos de guitarra. As pessoas querem aqueles solos que escutam há anos nos discos, isso cativa os fãs do Raul. Como disse, um apanhado geral da obra do Raul, e pretendo que seja uma bela homenagem nesses 30 anos sem ele.


UM – O rótulo de “guitarrista do Raul” te incomoda? Pergunto isso porque você tem uma carreira robusta na música...


RF – Cara, ser rotulado de “guitarrista do Raul” não me incomoda, de jeito algum. Tenho consciência que toquei com vários artistas, sei da importância que tive na carreira deles. Mas sei que se não fosse pelo Raul meu nome não estaria ecoando tanto até hoje entre os fãs e seguidores do Raul. Trabalhei 33 anos com o Erasmo Carlos, gravei praticamente toda a discografia do Belchior, Zé Ramalho, vários. Mas, sem dúvida nenhuma, minha participação na vida do Raul me fez me ter o nome que tenho hoje. De jeito algum me incomoda, muito pelo contrário, é motivo de orgulho.


UM – Essa pergunta te fará tremer os ossos, você já deve ter respondido milhares de vezes (rs). Como você chegou até o Raul?


RF – Olha, essa pergunta não me fará tremer os ossos (rs), na verdade ela me deixa até um pouco triste. Passada aquela fase de bandas, como o The Goofies (desde os dez anos junto com Dadi e com o Pedro Lima d’A Bolha), queria me lançar como artista. Portanto, em 1972 procurei o Sergio Carvalho, recém contratado como produtor da Philips. Ele era meu amigo desde os cinco anos de idade e o procurei na gravadora para gravar umas músicas minhas. A coisa foi rendendo, mas passou um ano, um ano e meio e nada fora feito com esse trabalho. Quando o Raul começou a gravar Gita, passou na Philips e o Sergio mostrou aquelas minhas gravações. “Raul, vem cá que eu vou te mostrar um material de um amigo de infância, tenho certeza que você vai gostar”, disse. Ele escutou e pirou. Na mesma hora quis me conhecer, gostou da minha pegada de guitarrista americano. Nisso, o Sergio me levou até a casa do Raul e a partir dali tudo começou. Graças aquele encontro minha relação com o Raul nasceu. E falo em tristeza porque recentemente perdemos o Sergio Carvalho, talvez o maior nome da música no Brasil, um cara extremamente querido por todos, amigo de infância desde os cinco anos de idade. Isso me deixou muito abalado, perda inesperada. Sempre fiz questão de mencioná-lo: tudo na minha vida aconteceu devido àquela aproximação. A partir disso outras coisas apareceram e outros artistas me chamaram para gravar.


UM – Qual o seu disco favorito dentre todos os que você gravou com ele? Por quê?


RF – Quando ouvi The Beatles pela primeira vez tive uma devoção, assim como todos tiveram, aquele som misterioso que ninguém escutara antes. Tive aquela sensação novamente quando escutei Raul pela primeira vez. É uma pergunta engraçada porque sempre me perguntam qual a minha música favorita do The Beatles e eu sempre respondo que é aquela que eu esteja escutando no momento. Com o Raul é a mesma coisa. Porém, obviamente, tendo participado de quase toda obra do Raul tenho, sim, meus preferidos. Posso citar alguns, Abre-te Sésamo, El Dorado, Metro Linha 743 e Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!. Esses são os quatro maiores álbuns na carreira do Raul. Adoro todos que participei, Gita é obra prima, maravilhoso, arranjos, tudo. Mas esses eu destacaria como os melhores. E talvez, não por ter produzido, considere o disco mais rock’n’roll dele o Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!. Nele tem com Cowboy fora da lei, Quando acabar o maluco sou eu e Canceriano sem lar. Talvez seja o álbum que eu mais gosto.


UM – Já vi em documentários que naquela época o Paulo Coelho frequentava círculos, digamos, bem obscuros. Como era conviver com ele? Você sentia uma energia pesada nele ou houve certo exagero?


RF – Cara, essa fase mística do Paulo eu não peguei porque ainda não o conhecia, nem o Raul. Teve uma época que os dois se afastaram e conheci o Paulo justamente na mesma época em que fui apresentado ao Raul. Aquelas minhas gravações [que o Raul tinha gostado] chegaram às mãos do Menescal, também através do Sergio, e do Graça Melo que estava escolhendo músicas para uma novela. Então o Paulo deu uma colada em mim, deu uma mexida nas letras e nos tornamos parceiros das músicas. Convivemos em uma fase legal, praticamente diariamente, uma pessoa muito querida, muito boa para conviver. Compomos músicas inéditas até hoje. sinceramente nunca fui a fundo naquela coisa mística, de magia negra, que eu sei que ele se meteu. Até conversamos sobre, mas nosso convívio era mais de viajar juntos no fim de semana para casa de amigos, um na casa do outro compondo. Uma fase light, bem legal. Ele tem boas recordações dessa época. Outros dia ele andava pelas ruas da Suíça e me ligou só para dizer que estava com saudade e o quanto aquelas amizade e parceria foram importantes para ele. Convívio legal, só boas lembranças.


UM – Considero os dois nomes mais importantes do rock nacional Raul Seixas e Arnaldo Baptista. Claro, são diferentes, mas ambos tinham uma genialidade inocente, genuína. Você chegou a ter contato com o Arnaldo?


RF – Eu não conhecia a fase do Arnaldo nos Mutantes e vim a conhecer o Sergio Dias bem depois, naquela formação do Tudo Foi Feito Pelo Sol com Tulio Mourão, Rui Motta e Antonio Pedro Fortuna e outros. Ficamos amigos na época, mas nunca conheci o Arnaldo. Acho o Raul o maior do rock mas não sei se colocaria o Arnaldo no mesmo patamar, mesmo porque os Mutantes tinham algumas coisas de rock mas não era apenas rock, eram outras coisas. Aquela formação que te falei foi rock progressivo da melhor qualidade. Aí sim, colocaria o disco e a formação como um dos maiores do rock, mas a fase com Rita e Arnaldo não consideraria, não.


UM – Quem você consideraria o Raul Seixas estrangeiro? Às vezes acho que o Raul no início era um Buddy Holly que depois transformou-se naquela metamorfose ambulante...


RF – Sem dúvida Buddy Holly foi um dos pioneiros no rock. Agora, não sei, talvez o consideraria mais Elvis Presley naquela fase d’Os Panteras e do Let me Sing. Gene Vincent foi um, Bill Halley ele gostava demais. Sinceramente acho que o artista que o Raul realmente se espelhou foi o John Lennon. Se ele pudesse escolher ser alguém, seria o Lennon. O Raul foi uma espécie de John Lennon no Brasil, claro, guardando as devidas proporções. O objetivo dele era se lançar e ser conhecido no mundo, mas isso não se realizou. Se ele se espelhasse em ser alguém seria o Lennon.


UM – Voltando lá para o início da sua carreira, você foi mais influenciado pelo rock inglês (anos 60) ou americano (anos 50)?


RF – Cara, sem dúvida, o rock inglês foi mais influente na minha vida desde o início quando comecei a tocar. The Shadows - Hank Marvin era inglês -, The Beatles, Rolling Stones, The Kinks, The Dave Clarke Five, The Who, Cream. A fase americana veio um pouco depois, apesar de ser dos anos 50. Passei a escutar um pouco mais tarde caras como Gene Vincent e Elvis Presley. Até teve o Beach Boys, considero o Brian Wilson um dos maiores gênios, mas isso um pouco mais tarde, por volta de 1966 com o Pet Sounds, na mesma época do Sgt. Pepper. O Rock inglês teve grande influência na minha vida.


UM – Você trabalhou com o Paulo Diniz, o cara era um gênio! Como foi? Ninguém sabe se ele está vivo ou morto... Nossa, como gostaria de entrevistá-lo!


RF – Cara, o Paulo Diniz foi um presente na minha vida! Nessa época eu era muito amigo do Ruban, autor de Dancin’ Days e várias músicas de sucesso da banda Sempre Livre. Éramos amigos desde a adolescência e tocávamos muito. De repente o Ruban conheceu o Paulo diniz, não sei por quem. O Paulo foi o primeiro artista com quem eu toquei, aos dezesseis anos. Recentemente vi que ele tem Instagram, mandei uma mensagem, mas não sei se é realmente ele quem gerencia ou se alguém faz por ele. Não obtive resposta. Estive com ele há muitos anos, na fase da doença (poliomielite), ele apareceu no estúdio da Philips na barra quando gravávamos Há 10 Mil Anos Atrás. Fez uma festa quando me viu. Foi ele quem praticamente me lançou na música, foi o primeiro artista profissional com quem trabalhei, fiz programas de TV, etc. Muito carinho, infelizmente perdi o contato. Falei com o Ruban sobre isso, alguém estava falando sobre ele e me deu muita vontade de falar novamente com o Paulo. Ninguém sabe dele. Enfim, uma pessoa que traz boas lembranças, foi um início muito legal, pois ele estava em evidência com Quero voltar pra Bahia, Piri piri. Muito legal tocar com ele, só boas recordações.


UM – Você sempre preferiu usar guitarras semi-acústicas?


RF – Cara, essa coisa de preferência de guitarra vai muito de que tipo de música você vai gravar. Depende do que ela pede, uma sonoridade mais acústica ou mais sólida. A minha primeira foi uma Giannini Sonic, que depois dei de presente ao Pedro Lima do The Goofies aos dez anos. Aos onze ganhei uma Supersonic, nessa época quem tinha era rei, depois aos treze meu avô trouxe uma Gretsch Viking que não existia no brasil. Quando chegou a cidade parou, era uma guitarra igual a do George Harrison dos The Beatles! Um garoto de treze anos usando a guitarra dos The Beatles! A usei demais, desde os treze até hoje. Com ela gravei 80% da obra do Raul, ele dizia que ela tinha “um som de ferro” (rs). Ele tinha umas coisas muito engraçadas. Em 75 adquiri uma Telecaster que veio ao Brasil com o Alice Cooper, pertenceu ao Frank Zappa e tenho até hoje. Nunca vendi nenhum instrumento, nenhum equipamento. Essa coisa de “qual instrumento usar?” é muito relativa, para o show do Blue Note Rio separei umas quatro, talvez leve a semi-acústica da Gretsch por ter mais visibilidade, em um local legal. Evito de levar na estrada porque só existem 637 no mundo, sei lá, nunca se sabe... Muito relativo, nos meus shows uso praticamente as Fender Stratocaster e Telecaster, deixo as semi-acústicas para ocasiões especiais. Mas foi minha ferramenta durante anos, toquei com Zé Ramalho, Reluz com Marcos Sabino, Angela Ro Ro em 79 e 81, quase tudo com o Raul. Ele gostava muito dela.


UM – O seu disco “Porto das Maravilhas” (76) é muito legal! Poderia falar sobre ele?


RF – Primeiro lancei um compacto com duas músicas, aquelas gravações lá de trás com o Sergio Carvalho que chegaram até o Raul, tocou na novela Cuca Legal. Daí assinei contrato com a Philips e em seguida fiz Porto das Maravilhas. Foi muito legal, praticamente todo em parceria com um primo já falecido, Marcio Werneck. A maioria das músicas fiz com ele, inclusive a letra da canção Porto das maravilhas é dele. Disco muito legal, gravei com Aureo de Souza na batera, Chico Julian no baixo e outras participações, como o Liminha que tocou baixo em duas faixas e o Tulio Mourão gravou piano na faixa Porto das Maravilhas. Fiz praticamente tudo, violões, guitarras, pianos, órgãos, vocais. Apenas duas músicas têm outros vocais, Antonio Claudio Quintela, Júnior Mendes e Paulinho Soledade, que eram do grupo Karma, fizeram vocais em Todo sujo de batom, canção do Belchior, e em Overtreze. Chiquinho do Acordeão participou nas faixas Eldorado e Carro de boi, essa em parceria com o Júnior Mendes. A Solange, que era uma cantora espetacular naquela época, fez uns vocalises em Carro de boi. Hoje é uma relíquia, quando encontra, paga caro, uns R$600/R$800. Eu procurei a Universal para ver se eles teriam interesse de lançar em CD ou no Spotfy, mas não rolou. Uma pena, muitas pessoas procuram, querem o disco. Digo sempre que é necessário fuçar em sebo, Mercado Livre, é um disco bem disputado. Deu a sorte de achar, compra! Meu amigo comprou dois e me deu um de presente. Na época a gravadora não trabalhou tanto no disco, estava de saída da Philips, mas têm coisas bem legais ali. Tem, inclusive, a regravação que fiz Cachorro urubu. Quando mostrei a minha versão ao Raul, ele falou “Rick, se eu tivesse te conhecido nessa época teria gravado do seu jeito, tudo o que eu queria é gravá-la em um estilo country, usando pedal steel guitar!”. Ele pirou! A gravação de Todo sujo de batom também é bem legal, o Belchior adorou.


UM – Você é um exímio banjonista! O instrumento veio através de influências do country e do bluegrass? Quais suas bandas preferidas?


RF – Agora você tocou em um ponto que adoro, bluegrass é tudo de bom! Bill Monroe, Stanley Brothers, Foggy Mountain, Nashville Bluesgrass Band, diversos nomes que eu gosto. Entre os que mais gosto, Chris Hillman, que era baixista do The Byrds. Ele teve um trabalho solo com o Flying Burritos Brothers e depois teve a fase com o Desert Rose Band, banda que eu amo de paixão. Mas tem uma fase de bluegrass que é espetacular, tenho todos discos, é muito bom! Chris human, com certeza! Quem tem um trabalho com bluegrass que eu gosto muito é o David Lee Roth, tocando inclusive versões do Van Halen, como Jump. É sensacional! É o tipo da coisa que eu gosto, é o que mais escuto no momento, é uma paixão na minha vida.


UM – Você também é um mestre no pedal steel, talvez um dos primeiros no Brasil a dominar o instrumento. Como ele entrou na sua vida?


RF – Eu fui o primeiro brasileiro a tocar pedal steel, a primeira gravação foi início de 74 em SOS do Raul. Ninguém sabia o que era aquilo! Entrou na minha vida ao ouvir uma música tradicional americana chamada Wichita lineman, mas na versão do Ray Charles. De repente entrou um solo que eu sabia que era guitarra, mas não sabia como o cara fazia aquilo, aquele som que não acabava nunca, aquele slide... Aliás, ninguém sabia o que era slide. Depois, quinze ou dezesseis anos, assistindo a um filme, nada relacionado à música, vi uma cena com alguém tocando aquilo. Daí liguei aquele solo ao instrumento. “Calma aí, essa guitarra que faz aquele som?”. Coloquei na cabeça que teria e tocaria o instrumento. Eu tinha um primo que viajava muito e conseguiu comprar em final 73, inicio 74. O Fender acabara de ser lançado, pois até então o pedal steel guitar era de oito cordas e estavam aparecendo os primeiros pedais, eram quatro. E ele trouxe um Artists Ten, dez cordas, afinação já era um pouco diferente, já vinha com alavancas que você mexe com a perna, o joelho. Mexe para um lado, mexe para outro, você muda as notas. Fui o primeiro músico do brasil a tocar esse instrumento e por muitos anos, até 84/85. Aí apareceu em São Paulo o Adair Torres. A primeira gravação foi com o Raul, depois em 75, mas não lembro com quem. Em 76 no disco Banda dos Descontentes do Erasmo Carlos, inclusive em uma canção minha, Billy Dinamite. Usei no Porto das Maravilhas também 76, em Eldorado e em Cachorro urubu. Sempre fui apaixonado pelos sons da country music, pelos timbres e pelos instrumentos utilizados no country e no bluegras. Depois comecei no dobro, instrumento típico do bluegrass, toca-se deitado, como se fosse uma guitarra havaiana com as cordas altas, é um ressonador, tem aquela tampa de metal (parece um alto-falante).


UM – Você tocou ao lado do Erasmo Carlos por um bom tempo. O coroa é simplesmente fantástico, né?


RF – Sem dúvida o Erasmo está entre os maiores compositores brasileiros. Não diria que “toquei um bom tempo”, foi uma vida! Foram 33 anos, de 75 a 2008, uma vida dedicada a ele.


UM – Você é um cara extremamente versátil, já produziu do pop ao metal. Como é trabalhar com bandas/sonoridades tão diferentes?


RF – Uma pequena correção, produzi do rock ao pop, metal nunca peguei. O mais importante é o produtor respeitar a sonoridade de cada banda/artista, e não tentar fazer o disco dele. Sei de casos em que o produtor começou a exercer influência muito forte. Em 84 o Jorge Davidson, na época diretor artístico da EMI, pediu que eu produzisse o Legião Urbana. Não consegui, eram novos, inexperientes, eu pegava na guitarra do Dado e falava “faz assim , assado, muda o timbre...”. Claro, ficaram insatisfeitos, eu não consegui um resultado satisfatório. Fui chamado na sala do Jorge e fui dispensado do disco. Foi uma lição, deixe eles tocarem! E foi justamente naquela fase do Geração Coca-Cola. Tocar do jeito deles, arranjo deles... e foi assim que deu certo com o Airton Bahia na produção. Mas isso foi muito bom para mim, eles sempre tiveram carinho por mim. Depois o João Augusto da Deckdisc convidou o Renato, já famoso, para gravar uma faixa com o Erasmo, A carta. E uma das exigências do Renato era que eu estivesse na gravação e o arranjo fosse meu, fiquei superfeliz.


UM – 2019 é ano de Rock in Rio e já há um movimento nas redes sociais – justíssimo, diga-se - para que você toque. Muito bacana ver que os fãs estão incondicionalmente contigo...


RF – Bom, já participei de três edições do festival. No primeiro, em 85, com o Erasmo. Foi um desastre, todos sabem, não foi uma boa lembrança para ele, o dia foi muito mal escolhido. Em 2001 com o Zé Ramalho, eleito pela crítica o melhor show de artistas brasileiros, e justamente no melhor dia do evento, que contava com Neil Young, Sheryl Crow e Dave Matthews Band. Em 2013 fui convidado pelo Tico Santa Cruz para o tributo a Raul, toquei três músicas. Para este ano ainda tenho esperança de levar o meu projeto 30 anos sem Raul. Pela data, pela ausência - ou presença, Raul está cada dia mais vivo na memoria de todos... -, obviamente que eu levaria convidados, prepararia um show merecedor em homenagem ao meu amigo Raul. Apelo bastante legal nas redes sociais e internet, muitos querem vir para o Rio de Janeiro de caravana. Depende da boa vontade da direção, dos organizadores e eu não tenho acesso a nenhum deles. Apenas manifestei minha vontade de estar presente pelo fato serem 30 anos sem Raul, seria merecedor dessa homenagem. Espero que dê tempo de conseguir esse feito. Vamos torcer!

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